Ao longo dos tempos fomos assistindo à evolução da indústria, onde ocorreram grandes transformações, quer a nível económico quer a nível social. A 1ª Revolução Industrial teve início no final do século XVIII em Inglaterra. Desde então, a indústria foi passando por diferentes fases, cada uma marcada por um avanço significativo na forma como os bens são produzidos e como as sociedades se foram estruturando, construindo o caminho para o mundo moderno que conhecemos hoje.
Transição da Indústria 4.0 para a Indústria 5.0
Ainda recentemente se falava sobre como muitas empresas estavam a adaptar-se à Indústria 4.0, no entanto já está em andamento uma nova revolução industrial, a Indústria 5.0.
A transição da Indústria 4.0 para a Indústria 5.0, representa uma evolução na forma como os produtos são fabricados, oferecendo uma maior flexibilidade, sustentabilidade e personalização.
A Indústria 4.0 é caracterizada pela automação, digitalização e interconexão de processos industriais por meio de tecnologias avançadas (Internet das Coisas (IoT), Big Data e Inteligência Artificial (IA)), já a Indústria 5.0 procura ampliar esses conceitos para criar um ambiente industrial mais humano e centrado no bem-estar.
Definição e origem da indústria 5.0
A Indústria 5.0 refere-se a uma nova fase do desenvolvimento industrial, que se concentra na colaboração entre seres humanos e máquinas inteligentes, segundo a Comissão Europeia.
Este conceito foi lançado em 2016 no Japão, tendo sido desenvolvido pelo Conselho Japonês da Ciência, Tecnologia e Inovação, (CSTI) e pela Federação Empresarial do Japão, (Keidanren).
Algumas das principais características que definem a Indústria 5.0:
1. Colaboração Homem-Máquina
A Indústria 5.0 centra-se na colaboração entre humanos e robots. Isso envolve o uso de robots colaborativos (cobots), que trabalham lado a lado com os humanos. Essa colaboração pretende não apenas aumentar a eficiência, mas também criar ambientes de trabalho seguros, promovendo o bem-estar do trabalhador. Para além disso, valoriza competências humanas como a criatividade, que são difíceis de retratar pelas máquinas.
2. Personalização
A Indústria 5.0 permite uma produção personalizada em grande escala. Juntando a flexibilidade da produção digital com o trabalho humano, as empresas podem oferecer produtos que se ajustam perfeitamente às preferências individuais dos consumidores, sem comprometer a eficiência e o custo.
3. Sustentabilidade
A Indústria 5.0 considera a sustentabilidade como um dos aspectos chave para o sucesso das empresas. Esta nova fase industrial incentiva práticas de produção mais ecológicas, uso eficiente de recursos e uma redução de desperdícios. A sustentabilidade é vista não apenas como uma obrigação ética, mas também como uma vantagem competitiva.
4. Resiliência e Flexibilidade
A Indústria 5.0 prepara as empresas para serem mais resilientes diante de crises e mudanças no mercado. Isso é alcançado através de sistemas flexíveis que podem ser rapidamente adaptados a novas condições e necessidades. A capacidade de resposta rápida é essencial para enfrentar desafios como pandemias, mudanças climáticas e flutuações económicas.
Estarão as empresas preparadas para a Indústria 5.0?
Apesar dos avanços, muitas empresas ainda estão na fase de implementação de tecnologias da Indústria 4.0 e podem não estar totalmente preparadas para as exigências da Indústria 5.0.
Preparar uma empresa para a Indústria 5.0 envolve uma série de adaptações tecnológicas, culturais e organizacionais. Esta nova tendência apresenta uma nova visão da indústria, que vai para além do uso de novas tecnologias. Promove a interação entre o ser humano e as tecnologias inteligentes, fazendo com que ambos se completem e sejam capazes de trabalhar em conjunto.
Alguns passos fundamentais para assegurar que uma empresa esteja preparada:
1. Avaliação das capacidades atuais
Análise tecnológica: Avaliar o nível de automação e integração de tecnologias na empresa. Identificar as falhas em relação às capacidades exigidas pela Indústria 5.0, como IA, IoT e cobots.
Análise de competências: Avaliar as competências atuais dos trabalhadores e identificar necessidades de formação ou contratação para preencher falhas, especialmente em áreas como tecnologias emergentes.
2. Cultura e gestão de mudanças
Cultura de inovação: Fomentar uma cultura organizacional que valorize a inovação, a experimentação e a adaptabilidade.
Envolvimento dos funcionários: Incentivar os funcionários a participar ativamente no processo de planeamento e implementação de iniciativas. Isso pode incluir programas de formação, workshops e canais de comunicação abertos.
3. Integração de tecnologias avançadas
Implementação de IA e robótica colaborativa: Investir em tecnologias que permitam a colaboração entre humanos e máquinas, como cobots e sistemas de Inteligência Artificial (IA) que podem aprender e adaptar-se em tempo real.
Infraestruturas de Dados e IoT: Criar infraestruturas de recolha e análise de dados, incluindo sensores IoT e plataformas de Big Data. Isso permite melhores decisões e personalização de produtos.
4. Sustentabilidade e responsabilidade social
Práticas sustentáveis: Integrar a sustentabilidade nas operações da empresa, desde o uso de materiais ecológicos, otimização do consumo de energia e a redução de resíduos.
Responsabilidade social: Garantir que a implementação da Indústria 5.0 seja alinhada com os princípios de responsabilidade social, levando em consideração os impactos sociais e éticos no novo modelo de trabalho.
5. Parcerias e colaborações
Inovação aberta: Colaborar com start-ups, Universidades e centros de pesquisa para explorar novas tecnologias e soluções. Isso pode acelerar a inovação e reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos e processos.
Rede de parceiros: Construir e manter uma rede de parceiros, que possam fornecer suporte e conhecimento em áreas específicas, como IA, robótica e IoT.
Já existem algumas empresas que estão na vanguarda desta nova fase industrial.
Esses exemplos demonstram como a Indústria 5.0 está a transformar diversos setores ao integrar tecnologias avançadas com a colaboração humana.
Exemplos de empresas e setores
Automóvel: Empresas como a Tesla e a BMW têm sido pioneiras na utilização da robótica colaborativa para a montagem dos veículos, uso da IA para prever e melhorar a manutenção dos veículos, para além de práticas de produção sustentável.
Alimentação e Bebidas: A Nestlé e a Unilever usam a automação e IoT para monitorizar e otimizar a produção, para além da personalização de produtos com base nas preferências dos consumidores.
Saúde e Biotecnologia: Empresas como a Johnson & Johnson estão a explorar IA e robótica para desenvolver produtos médicos personalizados.
Eletrónica e Tecnologia: A Apple e a Samsung estão a investir em fábricas inteligentes que utilizam IA e IoT para melhorar a produção.
A Indústria 5.0 representa uma abordagem mais humanizada para a produção, onde as tecnologias avançadas estão alinhadas com a sustentabilidade, resiliência e o bem-estar humano.
Preparar-se para a Indústria 5.0 é um processo contínuo que requer investimentos estratégicos, uma mudança de mentalidade e uma adaptação constante às novas tecnologias e tendências. As empresas que se prepararem para esta transição, estarão melhor posicionadas para aproveitar as oportunidades desta nova era industrial. A Indústria 5.0 promete transformar a relação entre humanos e máquinas, aproveitando o melhor de ambos para criar um ambiente de produção mais eficiente, sustentável e centrado no ser humano.